SALVE CABOCLO VENTANIA
Começo os textos homenageando este lindo caboclo, que tive a oportunidade
de conhecê.lo..
Tudo que sou, e que consegui a ser como medium,devo a feitura e firmeza de minha cabeça,a ele,
quando tinha apenas ,18 anos.
Únicas palavras ditas por ele na hora do meu batismo:
Eu te batizo na Umbanda, estarei sempre
nos seus caminhos, espero, que nunca
deixes a sua
cabeça nas mãos de outrem,
Eu lhe abençoo na Umbanda.
Na casa de Umbanda que frequentei, ele era o patrono.
E todos os batizados eram feitos o dia de
São Miguel de Arcanjo.
CABOCLO PENA BRANCA
UM CABOCLO SEM FRONTEIRAS
Por Ras Adeagbo.
Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaqui
do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça que
vitimavam o seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, o mito
desta grande entidade nasceu. Pena Branca é hoje um símbolo de
liberdade, autenticidade e fraternidade.
Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do
México, Caribe e Estados Unidos, fiz esta pergunta a mim mesmo :
-”Será nosso Caboclo Pena Branca, esta mesma entidade ou um representante dela ? “
Certa vez, perguntei ao irmão Alberto Salinas, curandeiro e
médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais
entidades que incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi :
Pena Branca. Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um
índio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros “penas”
também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as
mesmas entidades.
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma
Divisões (ou Vinte e Uma Linhas) que é muito parecida com a nossa amada
Umbanda. Nos terreiros deste culto, trabalham destemidos espíritos de
índios, pretos velhos, exus (ali chamados de candelos) e outros
espíritos familiares. Na Linha de Índio Bravo, uma das Vinte e Uma
Linhas, encontramos também nosso velho amigo : Pena Branca !
Ali ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas
imponentes. Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e
outros “penas” : Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela, etc…
Coincidência ?
Nos estados sulistas dos Estados Unidos, existem algumas igrejas
espíritas…. Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo
evangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bem
íntimos com as manifestações do Mundo Invisível.
O espírito principal que chefia estas igrejas, as vezes chamadas
de Igrejas Espiritualistas Africanas, é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros
das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Águia Negra (nomes de chefes
indígenas que existiram) e entre eles está : Pena Branca ! Mais
coincidência ?
Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os
Mestres Ascencionados como Saint Germain, El Morya e outros bem
conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre curador. Ele aparece
como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e
mensagens (veja uma imagem dele aqui reproduzida). Seu nome ? Mestre
Pena Branca. Olha ele aqui de novo….
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de
origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos
de origem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades
indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais,
como Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc…
Quando incorpora a Falange do Povo Alado, simbolizada pelos
pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito
se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena
branca na cabeça. Como é chamado ? Índio Pena Branca. Pois então,
novamente o encontramos.
Na Venezuela existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a
Umbanda de nossa terra. Tem caboclo, preto velho, exu, marinheiro,
Orixás e tudo de bom. É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da
Natureza.
Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique
Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos.
Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e
todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que
procura semanalmente os irmandades em busca de alívio, socorro material e
espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu
participava de um culto de Lionza. Perto do congá, estava um rapaz
incorporado com um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma
velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora
chorava muito e tremia. No final da sessão, o semblante dela havia
mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava
agradecida.
Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a
atendeu. A velha irmã respondeu com reverência. Adivinhem o nome do
caboclo. Ele mesmo, o grande índio Pena Branca !
O tempo passou e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça.
Será que é o mesmo Pena Branca ? Terá este caboclo conhecido da Umbanda
viajado tanto assim ? Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro
? Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou de lá ?
Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena
Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo.
A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força.
Fiquei atento, lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui.
O caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu
algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma
estranha energia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando e
acenou. Me levantei e acenei de volta.
Foi então que ele falou :
- Filho, era eu, lembra ? Tem aí um maço de ervas bem cheiroso para mim ?
Salve Seu Pena Branca !
ORAÇÃO A SEU PENA BRANCA (rezada no Caribe)
Em nome de Deus Todo Poderoso,
Eu invoco o grande Pena Branca,
fiel espírito índio, grande herói,
zelador de meu altar e morada.
A você que me guia e conhece minhas necessidades,
peço proteção e luz.
Livra-me de toda má intenção e inimigos, ocultos ou manifestados.
Vigia meus caminhos e que nenhum feiticeiro ou bruxo malvado,
possa cruzar comigo.
Grande espírito, te ofereço esta vela (acender uma vela verde) e chamo seu nome.
Amém !
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